A
melhor e mais recente novidade produzida pela MPB. Aclamada
com elogios desse tipo, a cantora e compositora mineira CONSUELO DE
PAULA faz show de relançamento de seu primeiro CD, SAMBA, SERESTA
E BAIÃO, agora pelo selo DABLIÚ DISCOS, sob o conceito A Qualidade
do Novo na MPB.
Cantora de personalidade marcante, Consuelo de Paula faz um resgate
da tradição musical brasileira, num trabalho que demonstra sua forte
ligação com o folclore, em especial a confada e o moçambique, ritmos
que conheceu em Pratápolis ( cidade do sudoeste mineiro, onde nasceu).
Inspirada pela diversidade de ritmos existentes no País, ela escolheu
o choro com, o a base da estética musical do disco.
O repertório reverencia compositores como Ataulfo Alves, Chiquinha
Gonzaga, Paulo César Pinheiro e Alceu Valença, entre outros, que ela
interpreta no disco e no show. No decorrer das 11 faixas de SAMBA,
SERESTA E BAIÃO, percebe-se a extensa pesquisa realizada junto aos
movimentos da cultura popular, de onde Consuelo foi buscar as canções
Folia, Fitas e Riacho de Areia,
que são marcadas pelos instrumentos de percussão leguero, caxixo,
gungas e caixas de moçambique, além do pandeiro e do violão. A direção
artística e a produção do CD são assinadas pela própria artista, que
também concebeu os arranjos de todas as músicas.
Consuelo abre o disco com a canção Anabela (Mário Gil
e Paulo César Pinheiro), uma seresta contemporânea com voz e viola,
que poderia ser cantada à beira mar, como sugere a artista.
O repertório inclui também Lenço Branco, samba de Ataulfo
Alves, que a cantora e compositora ouvia na infância, influenciada
pelo pai, Luiz Gonzaga de Paula. A canção um dos últimos sambas
escritos por Ataulfo reaparece com arranjo novo: violão de
7 cordas, pandeiro e tamborim, bem ao estilo das rodas tradicionais.
Já Folia (Lourenço Baeta e Chico Chaves), Fitas
e Canção dos Marinheiros (de domínio popular) foram colocadas
numa mesma faixa por serem autênticas canções de Moçambique. O grupo
Estrela de Pratápolis fez participação especial nas três canções,
que têm arranjos de percussão com caixa de Moçambique e gungas
instrumentos amarrados ao pé com um som similar ao de um chocalho.
Um legítimo representante do folclore de Alagoas é o poema Espelho
Cristalino ( Alceu Valença), que a artista transformou em baião
mineirizado, com zabumba, violão e caxixi. Uma das canções mais simbólicas
do cancioneiro nacional é Azulão ( Jayme Ovalle e Manuel
Bandeira), concebida ao estilo do autêntico chorinho com tamborim,
violão, cavaquinho e pandeiro. No show, Azulão conta com a
participação especial do jornalista Luís Nassif no cavaquinho. Com
Noite Cheia de Estrelas ( Cândido das Neves), a cantora
faz uma homenagem a Vicente Celestino ( que ela ouvia na infância),
com um arranjo que lembra um tango com voz e violão.
O coco traz mais personalidade à faixa Na Pancada do Ganzá,
repente nordestino escrito por Antônio Nóbrega e Wilson Freire. Com
a música Jequitinhonha ( Lery Faria e Paulinho), Consuelo
faz um breve retrato dos habitantes que residem à beira do rio de
mesmo nome, uma comunidade com grande produção cultural. A música
possui nos arranjos djembê, conga e surdo.
A compositora Chiquinha Gonzaga é lembrada por Consuelo na canção
Lua Branca, concebida para voz e violão, relembrando as
parcerias entre Elizeth Cardoso e Rafael Rabelo. Portela na
Avenida ( Paulo César Pinheiro e Mauro Duarte ) conhecida
na voz de Clara Nunes tem Dino Barioni nos violões e cavaquinho,
e Cássia Maria no djembê e agogô. A canção que fecha o disco é Riacho
de Areia, de domínio público, que Consuelo interpreta no show
acompanhada pela caixa de congo, pandeiro, viola e violão.
As composições inéditas de Consuelo de Paula, A Rainha
( escrita em parceria com Cássia Maria) e Tua Modinha
( composta em dupla com Elton Fernandes) também integram o programa
do show, juntamente com o samba Moro na Roça ( de domínio
público), famoso na interpretação de Clementina de Jesus.
|